Embora esteja escrito em papel e na cabeça de muito gente o "livre arbítrio" é uma escolha pessoal. Passei muito tempo revoltada comigo mesma acreditando ser responsável por minhas escolhas, até que um dia passei a perceber o outro lado dos fatos, das coisas, ou como se diz : o outro lado da moeda. A principio não escolhi a minha família consanguínea, não escolhi ser filha de pais separados. mas foi através desses fatos - família e separação - que se baseia toda minha história de vida.
Praticamente não escolhi quase nada. Segui a vida simplesmente até chegar o aqui e o agora. Vivo em uma sociedade tão moderna e capitalizada que envelhecer virou sinônimo de se apegar a juventude através de instrumentos e procedimentos altamente dolorosos no sentido físico e econômico.
É nessa sociedade que vejo que, envelhecer com dignidade não é, também, um livre arbítrio, mas devemos entender, em parte como Leo Pessini: "O processo de envelhecer é a gradual plenificação do ciclo da vida. Ele não
precisa ser escondido ou negado, mas deve ser compreendido, afirmado e
experimentado como um processo de crescimento pelo qual o mistério da vida
lentamente se nos revela" (p.6).
Voltando a questão do livre arbítrio e voltando este para o envelhecimento posso inferir que esta é uma fase da vida cercada de dependências e situações as quais não escolhemos.